domingo, 12 de fevereiro de 2012

Os últimos anos de Garrincha!


dolo do Botafogo, onde surgiu para o planeta com os primeiros títulos e dribles. Ídolo da Seleção Brasileira, onde ganhou a unanimidade ao brilhar na campanha do bicampeonato mundial de 1958 e 1962. Mané Garrincha, ídolo dos torcedores de todos os clubes, supercraque das pernas tortas que encantou os fãs com dribles desconcertantes, rodou o mundo e acabou sua carreira no Olaria, time do subúrbio do Rio de Janeiro. Lá, protagonizou seus últimos lances no futebol.

O ponta-direita conquistou multidões excursionando com o Glorioso e em suas brilhantes apresentações com o time canarinho. Em 1972, ao 38 anos, Mané não jogava uma partida oficial havia dois anos. Seu nome continuava com força. Então, o Olaria viu ali uma oportunidade. Com a ajuda de empresários ligados ao clube, bancou a contratação do craque, e o camisa 7 mais famoso do mundo vestiu a camisa azul e branca. Heitor Bellini, que hoje é presidente do clube, lembra como era estar no mesmo lugar que o craque.

- A gente ficava na beira do campo, olhando o Garrincha. Aquilo, pra gente, os garotos do Olaria, era uma coisa de outro mundo.

Quase 50 mil pessoas viram a estreia de Garrincha pelo Olaria, no Maracanã. O adversário era o Flamengo, que dez anos antes, em 1962, tinha sido arrasado por Mané na decisão do estadual. O empate em 1 a 1 não teve gol do ponta-direita, mas uma sequência de fotos do jornal "O Globo" do dia seguinte mostrava um drible fantástico de Garrincha.

Durante o ano de 72, o Olaria viajou muito pelo Brasil, para fazer uma série de amistosos. O astro do time atraía atenção, e muitos times pagaram só para enfrentar Garrincha. Beto, o goleiro daquele Olaria, lembra o espírito do craque:

- Ele falava para não sair de perto dele, porque tudo que ganhasse ia dividir comigo. Aí eu não descolava dele! Depois, eu dividia com o pessoas: "Olha, o Mané deixou isso aí pra gente" - contou o goleiro.

Em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o Olaria enfrentaria o Comercial-SP, num amistoso. Um chute de longe, depois do rebote do goleiro Paschoalin em um cruzamento, e o gol de número 283 da carreira de Garrincha. A última vez que ele balançou as redes num jogo oficial, naquele 2 a 2 contra o Comercial. O goleiro Paschoalin, apesar de ter sido vazado, não ficou triste.

- O Garrincha não parecia ser jogador, uma pessoa famosa. Hoje, eu fico feliz de ter tomado um gol dele. Ele tinha a condição técnica dentro de si, mas já não tinha corpo para aquilo. Mas o pouquinho que ele fez, foi o bastante para podermos rever o que ele tinha feito - disse o goleiro.


Despedida do futebol

O último jogo de Garrincha aconteceu num feriado de sete de setembro, em 1972. A Caldense, clube mineiro da cidade de Poços de Caldas, comemorava 47 anos de fundação. Quem não comemorava nada naquele dia era Hildo, o lateral-esquedo escalado para marcar o craque. Ele garante que não deu moleza para Mané, mas J. Lopes, meio-campo da Caldense naquele jogo, conta que não foi bem assim.

- O Garrincha deu uma balançada nele! Ele não quis falar porque ficou com vergonha - brincou J. Lopes.

O meio-campo lembra com carinho do dia em que conheceu o ídolo Mané Garrincha:

- Um dia muito especial, com agitação desde cedo. O Garrincha chegou, não sei se atrasado porque ficou dando entrevistas. Ele atravessou o campo, e a massa inteira bateu palmas para ele. Eu não sabia que era o último jogo de Garrincha. Depois que fiquei sabendo, estou até mais orgulhoso.

A Caldense venceu o jogo por 5 a 1, e Garrincha desceu as escadas para o vestiário pela última vez como profissional. Em 73, uma partida festiva foi organizada no Maracanã, o jogo da gratidão, para homenagear o craque. Mané Garrincha morreu em 1983, aos 49 anos de idade, vítima do alcoolismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário