Crônicas Botafoguenses

Há na mídia um certo desprezo pelo clube da estrela solitária. Classificado como a "quarta força do Rio" este clube que cedeu o maior número de jogadores para a seleção brasileira sofre com arbitragem desqualificada, sarcasmo por parte dos meios de comunicação e um histórico administrativo que tem enterrado o clube.

Sou jornalista e botafoguense. Este blog é uma iniciativa espontânea e não tenho aqui qualquer intenção além de narrar sobre meu conhecimento e paixão pelo clube da estrela solitária. Proponho aos leitores pensarmos o que é um clube grande. Seriam os títulos? História? Craques? Torcida?

O que torna um clube verdadeiramente grande? Títulos, história, craques… Além disso, um clube é considerado grande fundamentalmente pelo tamanho da sua torcida. Se o Botafogo não tivesse um histórico de conquistas, possuiria o expressivo número de torcedores? Dificilmente. Em contrapartida, imagine o São Caetano ganhando tudo: Campeonato Paulista, Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores, Mundial… Seria o time do ABC paulista uma potência do futebol? Sim, mas a grandeza dele dependeria do crescimento da torcida. Portanto, é preciso separar potência de grandeza.

É claro que um time que ganha tudo está fadado a aumentar os torcedores. É um processo natural, lógico. Mas isso leva anos. E o Botafogo levou décadas para se tornar grande porque lá atrás foi uma potência vide anos 60, com Garrincha, Nilton Santos & Cia. Todos os ítens mencionados acima fizeram parte da vida alvinegra, com o requinte de ver a paixão da torcida multiplicar ano após ano. Por isso e, tão somente por isso, o clube da Estrela Solitária tem nos aficionados seu maior patrimônio.

Dei essa volta toda para dizer que um clube como o Botafogo tem de pensar de acordo com a sua grandeza. Uma bandeira que carrega milhares e milhares de corações apaixonados não pode ser hasteada a meio palmo. Tem de haver um compromisso em manter uma tradição centenária. E a diretoria precisa entender que um clube grande só se torna potente com jogadores de peso. Camisa não ganha jogo. Frase batida, mas que cabe para o momento atual. Não adianta prometer mundos e fundos. Somente a chegada de jogadores condizentes com a história alvinegra pode fazer com que o Glorioso tenha grandeza e potência ao mesmo tempo. É o peso de ser um gigante do futebol brasileiro.